Como Construir uma Política de Honorários Estratégica e Sustentável na Advocacia
Imagem: Freepik
Se você ainda cobra “por achismo”, ou pior, se pergunta ao cliente quanto ele pode pagar, este artigo é para você.
Precificação não é um detalhe da gestão. Ela é o reflexo da visão estratégica do seu escritório. O valor que você atribui ao seu serviço comunica o quanto ele vale, para o cliente e para o mercado.
E mais do que isso: o modo como você define seus honorários determina se sua advocacia será apenas sobrevivência ou um negócio com crescimento e consistência.
Por que cobrar bem é uma questão de gestão (não só de preço)
Precificar mal não significa cobrar barato. Significa cobrar errado. E isso impacta diretamente:
sua agenda,
sua energia,
a clientela que você atrai,
sua saúde financeira,
sua reputação no mercado.
Se você cobra pouco para “não perder o cliente”, está abrindo mão da sua estratégia em nome do improviso.
Antes de calcular, mude a mentalidade
Muitos advogados iniciantes precificam com base em três erros:
Empatia distorcida: acham que “entendem o lado do cliente”, mas esquecem que o cliente também entende valor.
Falta de clareza sobre o próprio custo e valor de entrega.
Medo de parecer caro, por insegurança em relação à própria experiência.
A boa notícia: todos esses erros são corrigíveis com um raciocínio simples, e nada técnico.
Como construir sua política de honorários estratégicos (mesmo começando do zero)
1. Liste seus custos fixos reais
Inclua tudo: aluguel, luz, ferramentas, plano de internet, celular, transporte, cursos, etc.
Isso é o mínimo que seu faturamento precisa cobrir.
2. Estime seu tempo real de dedicação por tipo de serviço
Você não cobra só pelo ato. Você cobra por:
Tempo de estudo
Atendimento e suporte ao cliente
Comparecimento em atos processuais
Redação e revisão de peças
Cada serviço precisa refletir o tempo médio que demanda.
3. Crie uma tabela personalizada por tipo de atuação (continuação)
Mesmo se você seguir a tabela da OAB como base, ela não substitui a estratégia do seu negócio. Use-a como piso, nunca como teto.
Monte sua própria política com critérios objetivos, como:
Complexidade da causa
Urgência
Risco envolvido
Tempo estimado
Possibilidade de atuação em escala (ex: causas repetitivas ou em massa)
Não venda horas. Venda soluções com valor percebido.
Dica prática: use a régua da coerência
Antes de fechar um valor, se pergunte:
Esse valor cobre meus custos e entrega?
Ele posiciona minha advocacia da forma como quero ser percebido?
Está coerente com a narrativa do meu escritório ou parece improvisado?
O cliente vai sentir que está investindo em solução, ou apenas pagando um serviço jurídico genérico?
Se a resposta for não, você ainda não está pronto para fechar esse contrato.
Erros comuns para evitar
❌ Copiar valores de colegas sem entender o modelo de atuação deles
❌ Cobrar menos por “pena” do cliente
❌ Oferecer desconto antes do cliente perguntar
❌ Incluir atividades fora do escopo sem reajustar o valor
Box Aplicado – Mini-roteiro para criar sua política de precificação
Defina os serviços que você oferece com clareza
Estime tempo médio e complexidade de cada um
Identifique seus custos fixos e metas financeiras mínimas
Crie uma régua de valor com variações possíveis
Teste com clientes reais, e ajuste sem medo de errar
Padronize seu discurso: apresentação importa tanto quanto o preço
Texto: Sheyla Borges de Liz